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domingo, 14 de fevereiro de 2010

É tempo de que?

Tive um tempo em que fingir estar tudo bem era a meta. Então sorria, ouvia os problemas dos outros, aconselhava e sempre que era questionada de como estava, respondia: Está tudo perfeito.
Veio então o tempo onde já não conseguia mais sustentar aquela mascara de menina feliz e entrei num túnel escuro, onde só via o que de pior a vida poderia me oferecer. Poucos ouviam meus problemas, mesmo porque sempre fui boa ouvinte e má falante, o sorriso já era algo mais discreto e menos feliz e sempre que era questionada de como estava, respondia: Está tudo bem.
Esse tempo foi se estendendo e se instalando, e o que eram lapsos momentâneos passaram a ser o meu dia a dia. Viver era insuportável. Já não havia mais ninguém para ouvir ou ser ouvida, sorrir nem pensar, meus músculos faciais já não mais me obedeciam e sempre que era questionada de como estava, respondia: Estou indo.
O tempo de sacudir a poeira e dar a volta por cima começou discretamente a aparecer, veio tomando seu espaço e me dando esperanças de que era possível, que Deus não me daria algo que eu não suportasse e dizia pra mim mesma: Vamos, força, coragem, levanta, ergue a cabeça, pede ajuda a Deus e segue teu caminho. Por um longo período me mantive firme neste pensamento, ação e propósito e sempre que era questionada de como estava, respondia: Estou melhorando.
Muitos deixaram de me fazer esta pergunta, pois já não ouviam mais o que queriam. Não estava indo, tão pouco tudo estava bem, muito menos perfeito e nós temos um pequeno problema. Não questionamos ao outro como ele vai, porque de fato queremos saber ou nos interessamos pelo seu bem estar, questionamos somente por educação, por conta das convenções sociais. Da mesma maneira quando fazemos ao desejar um bom dia, ou pedimos desculpas e obrigada. Nem temos uma real noção destas palavras, muito menos destes sentimentos e energias, o fazemos mais uma vez da boca pra fora, pra nos mostrarmos educados.
E infelizmente manter o estou melhorando é difícil, passar dele para o esta tudo perfeito parece impossível.
Mas posso até desistir de viver, mas não de sobreviver. Então decidi, desisto sumariamente de viver, vou sobreviver até quando Deus quiser e para tanto decidi. Não vou mais fazer o papel da boa moça, que as convenções se estourem e a educação hipócrita caia num buraco negro.
A vida me ensinou ou eu descobri que só vale à pena se for de verdade, então assim como não desejarei mais nada de mentirinha não vou mais de mentirinha dizer que estou bem, fazer planos futuros, lutar por um lugar ao sol.
Desisto. Desisto, desisto, desisto, mil vezes desisto de me enganar de enganar os outros e melhor de ser enganada.
Tenham uma boa vida.

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